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Vereadores propõem retirada do transporte público na UCS

    
   


A discussão do Plano Diretor Municipal abriu espaço para uma guerra de interesses. Agora no legislativo, inúmeras alterações estão sendo propostas. Como é de praxe, a comunidade caxiense é convidada a ficar de fora deste debate, empreiteiros, empresários e “amigos” de membros do legislativo caxiense marcam sucessivos encontros fechados para sugerir mudanças específicas - quase todas atendendo a interesses individuais ou corporativos em que o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é ignorado totalmente. O reitor da Universidade de Caxias do Sul Evaldo Antônio Kuiava não perdeu a oportunidade de beliscar uma fatia desse bolo: a tentativa de retirada do transporte público da UCS. Apesar das sucessivas derrotas quando o tema vem à tona, membros do alto escalão da Universidade seguem “tomando cafézinho” nos gabinetes da Câmara de vereadores à espera de um descuido da comunidade acadêmica e da vizinhança da Cidade Universitária para fechar o Campus Sede.

Depois de uma queda enorme no número de alunos, provocados pela crise e pela má gestão, a universidade quer diversificar seus produtos, o problema é que ao invés de investir na qualidade de cursos e melhoria no atendimento aos discentes, prefere usar recursos das mensalidade para a construção de um prédio garagem para vender vagas de estacionamento; fechar diferentes acessos ao campus sede para demitir vigilantes e estabelecer a doutrina “cada um por si”; e impedir a entrada de ônibus do transporte público no interior da universidade. A atual gestão da reitoria não quer acabar com a diminuição de alunos, prefere sufocar os ainda matriculados para impor suas certezas e projetos falidos.

Nesta semana vai a votação na Câmara de Vereadores uma proposta apresentada pela Comissão de Desenvolvimento Urbano, Transporte e Habitação (CDUTH) após acordo com o reitor da UCS. O artigo 195 foi escrito da forma mais complicada possível para dificultar o entendimento da população:

Art. 195. O conjunto de vias que compõem o sistema viário interno do SE UCS - Cidade Universitária, entre o início da Rua Francisco Getúlio Vargas, defronte ao Bloco D, no encontro com o limite da propriedade da Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS), estendendo-se até o início da Rua Ernesto Grazziotin, junto à rótula do zoológico da UCS, no limite com a propriedade da mesma Fundação e, ainda, nos acessos de entrada e saída da UCS, via BR-116, na Rua Gilda Marcon Grazziotin Nora, onde esta se encontra com a via interna a partir do limite da propriedade da UCS, fica desafetado para uso público, passando a ser incorporados ao domínio privado particular.


Trocando em miúdos, esse projeto de lei permite que todas as medidas prejudiciais descritas anteriormente sejam colocadas em prática. A pior delas: a retirada do transporte público no campus é  também a mais urgente. 

Há quem acredite que essa desafetação seja a reafirmação do direito à propriedade privada, engana-se. Não se trata disso, a UCS é de direito privado e continuará sendo independente da aprovação desse PL, o que está em jogo é o que a medida impactará na vida dos estudantes da universidade e nos bairros onde ela está inserida, não podemos ignorar as milhares de pessoas que serão afetadas com essa medida unilateral. Fechar-se em condomínio privado e impor uma bolha a toda a Zona Leste de Caxias é um desrespeito aos milhões em recursos públicos utilizados pela FUCS e suas mantidas; e às dezenas de hectares doados pelo Estado onde a UCS construiu seu patrimônio; além dos privilégios fiscais que goza enquanto entidade filantrópica.

O Diretório Central de Estudantes da Universidade de Caxias do Sul já está se movimentando para pressionar os parlamentares em relação ao projeto de lei. Além disso, em parceria com outras entidades organizadas da sociedade civil e com o apoio do corpo discente vai lutar incansavelmente para corrigir esse erro histórico que a atual gestão da reitoria insiste em cometer.

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