O uso das plataformas digitais para ensino remoto se tornou uma grande
alternativa durante o período de distanciamento social provocado pela pandemia
da COVID-19. A ferramenta possibilitou a continuidade de aulas durante os
momentos mais críticos da pandemia e impôs uma rápida adaptação de gestores,
professores e estudantes. Na UCS, o modelo chamado de síncrono foi utilizado em
substituição aos encontros presenciais. Além disso, a migração de disciplinas
presenciais para o modelo totalmente à distância de forma obrigatória em cursos
presenciais foi levado até o limite de 20% da carga horária total do curso
nesse mesmo período. No entanto, ações tomadas para atenuar os impactos da
pandemia podem se tornar obrigatórias a partir de 2022, mesmo com o retorno presencial
progressivo. Um projeto divulgado recentemente pela reitoria da UCS pode impor
mudanças negativas aos cursos presencias em nome de impactos positivos nas
finanças da instituição.
Enquanto os estudantes e professores fizeram um alto esforço para manter
os estudos em um bom nível de qualidade, a gestão administrativa preocupou-se
em simplificar a planilha de custos da universidade. Programas de demissões,
revisões de contrato, restrição para acesso a descontos, redução de efetivo de
segurança e equipes de limpeza e muitas outras ações foram realizadas para que
a UCS pudesse apresentar um dos melhores balanços financeiros de sua história,
apresentando superávit de mais de 20 milhões em plena pandemia, resultado muito melhor do
que em anos anteriores com aulas presenciais. As medidas administrativas
geraram ótimos resultados financeiros em curto prazo, mas do ponto de vista da
sustentabilidade a longo prazo e aspectos humanos pode ter deixado muito a
desejar. Para manter o patamar de resultados financeiros acima da média, a
gestão administrativa não poupou medidas de austeridade. A demissão de
professores com ampla trajetória acadêmica e a demissão de pessoal do alto
escalão da reitoria por discordâncias e visões distintas deixaram um legado negativo.
Além disso, a perda de milhares de alunos desde antes da pandemia e a evasão frequente, aliados ao crescimento de instituições
concorrentes, preocupam a comunidade acadêmica.
Para manter os números de forma satisfatória, a nova exigência é o aumento da carga horária EAD obrigatória. A medida discutida entre
gestores prevê que 40% da carga horária dos cursos presenciais sejam realizadas
de forma totalmente à distância e de
forma obrigatória. Além disso, o custo das disciplinas EAD seguirão o
mesmo, como se fossem presencias com o uso da estrutura física e acompanhamento
de professores. Em assembleia ordinária do Conselho Universitário (CONSUNI), a
Reitoria da Universidade de Caxias do Sul anunciou a previsão de mudanças nos
cursos de graduação. A instituição pretende aumentar a carga horária obrigatória do EAD em cursos presenciais já a
partir do primeiro semestre de 2022. Caso aprovada, a medida impacta também
os alunos já matriculados.
Em reuniões realizadas pela direção plena do Diretório Central dos
Estudantes - DCE UCS, a gestão da entidade
estudantil definiu ser contrária ao aumento da carga horária EAD obrigatória em
cursos presenciais e que o atual
modelo curricular dos cursos presenciais com oferta de 20% das disciplinas obrigatórias
à distância deve ser revisto, pois disciplinas específicas de muitos cursos
estão sendo impostas somente no formato EAD mesmo em cursos presenciais sem
nenhuma redução no valor das mensalidades. A diretora do DCE UCS, Barbara
Moreschi, afirma que a entidade representativa dos estudantes vai seguir firme
e intransigente na defesa de uma universidade de qualidade e com um valor justo
nas mensalidades, “ao contrário do que está sendo proposto pela gestão da UCS,
defendemos que a carga horária EAD seja reduzida, sobretudo que as disciplinas
específicas de cada curso sejam presenciais. Por isso, estaremos trabalhando
incansavelmente através do diálogo junto àqueles que defendem uma educação de
qualidade; da mobilização estudantil; e com nossa equipe jurídica para que
possamos garantir que não haja nenhuma violação de direito”, completa a líder
estudantil.
Um conjunto de medidas de mobilização e de ações através do Conselho Universitário e demais fóruns internos da universidade em que o DCE UCS participa estão sendo organizadas. Além disso, a equipe jurídica da entidade avalia o caso e acompanha a movimentação da gestão universitária. Nos próximos dias, novas discussões e decisões podem significar o avanço do projeto. O DCE UCS segue atento e pretende divulgar mais informações sobre o tema. Para se manter informado, acompanhe o DCE UCS nas redes sociais e no site oficial da entidade.
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